Estava dando uma olhada na influência da cotação do dólar em alguns produtos aqui no Brasil. Essa semana, conversei com uma amiga que defendia um dólar elevado, pois iria ser melhor para o setor que ela trabalhava e "consequentemente" iria ser melhor para todos.
Acabei entrando numa discussão acerca do que seria melhor para o Brasil, como um todo, quando me referi ao impacto do dólar no poder aquisitivo da população. Quando me referi ao todo, não defendo nenhuma área em específico, pois podemos afirmar que certo setor é mais beneficiado que outros (ex: para o agronegócio é mais vantajoso o dólar estar mais elevado) e, acreditar, que todos os outros setores iriam se beneficiar dessa vantagem.
Podemos fazer uma comparação entre balança comercial brasileira, tratando de superávit primário (trata do resultado positivo de todas as receitas e despesas, com exceção dos gastos com pagamento de juros), e custo da população de uma forma geral traduzida pelo aumento da compra de determinados produtos (mais precisamente o IPCA).
Não adianta também, que o aumento da balança comercial (termo que representa as exportações e importação do pais)* ser favorável numericamente, quando vemos que maiores exportações não significam (isoladamente) melhores condições para nós que vivemos no país.
Então fazendo uma análise das principais consequências de um dólar elevado:
Um exemplo de ótima administração pública
PRÓS:
Balança comercial - superávit da balança comercial
Excelente! (piada)
Empresas exportadoras – por terem custos em reais e ganhos em dólar, estas empresas se beneficiam quando o dólar está sobrevalorizados. Alguns dos exemplos são os setores de papel e celulose, o setor agrícola e os setores vinculados a exportação de produtos manufaturados. Não podemos esquecer das exportadoras de minério de ferro.
Turismo doméstico – aumento do turismo interno, em detrimento de viagens para outros países
CONTRAS:
-Importação de insumos - para os consumidores de aços planos como montadoras de veículos, fabricantes e autopeças e de eletrodomésticos pressiona os custos de produção já que os principais insumos como o minério de ferro e carvão são negociados aqui no Brasil vinculados aos preços internacionais.
- Aumento no preço da gasolina (exato, a maioria de nossa auto-suficiência provém do petróleo pesado e tem pouco efeito prático para diminuir o preço da gasolina que usamos).
-Empresas com dívidas em dólar (vão pagar mais caro para saldar).
Alguns produtos diretamente influenciados: trigo; eletrônicos, azeite importado, tintas, combustíveis, medicamentos, perfumes, brinquedos, vinhos, pneus...
- A inflação que começa afetada pelos produtos internacionais, acaba contaminando os preços dos produtos aqui do Brasil. Por exemplo, importação de trigo acaba afetando o preço do macarrão e do pão francês. Alguns setores são mais afetados, como os produtos eletrônicos, a alimentação e os medicamentos. Quanto mais alto o dólar, mais será esse repasse para o preço do consumidor, aumentando a inflação.
Tabela retirada da ANP - verifiquem a importação
Conclusão
Então, podemos verificar que é muito mais vantajoso o dólar estar num patamar equilibrado, ou seja, nem tão desvalorizado nem tão sobrevalorizado para que não haja uma consequência muito forte em nosso orçamento. Com certeza um setor específico, pode ser no que trabalhamos, é muito mais beneficiado com uma moeda sobrevalorizada (como vimos em 2016: dólar ultrapassando os R$ 4,00). Porém, verificando de uma forma MACRO, seria muito mais interessante termos um equilíbrio, tanto para não sobrevalorizar a indústria exportadora, como para não asfixiar a indústria dependentes da moeda estrangeira.
Em um mercado de moedas pouco influenciado por intervenções governamentais, as moedas tendem a ficar mais próximas de uma situação de equilíbrio, mas quase todos os governos nacionais usam muitos artifícios para tentar controlar o rumo das cotações cambiais. Entre esses artifícios estão: restrições para compra de moeda estrangeira, câmbio fixo, leilão de Swaps, impostos sobre transferências internacionais, manipulação das taxas de juros, emissão de dívida pública, entre outros. A intervenção do estado na economia prejudica o equilíbrio econômico natural das moedas e desenvolve situações de desequilíbrio que são prejudiciais às economias.
*- balança comercial favorável: exporta mais do que importa
- balança comercial desfavorável ou negativa: importa mais do que exporta